Inteligência Intuitiva

Por Priscila Lima de Charbonnières


"Quando o corpo funciona espontaneamente, isso é chamado de instinto. Quando a alma funciona espontaneamente, isso é chamado de intuição." Osho

Existem diversas formas de expressão da inteligência. Cada uma representa uma faceta do ser humano. A facilidade em lidar com elas também varia, algumas pessoas lidam melhor com uma forma em detrimento de outras.

Dentre todas as inteligências, há uma que é singular: a inteligência intuitiva. é a mais sutil de todas e, sem sombra de dúvida, a mais assertiva. Quando usada, a intuição não precisa da validação de nenhuma outra forma de inteligência.

A intuição é a janela para a alma. Através dela, entramos em contato com nosso ser superior. Ingressamos em uma dimensão além do tempo e do espaço.

As percepções intuitivas dispensam explicações lógicas e racionais. A intuição é simplesmente uma certeza da alma. Certeza profunda, sentida na totalidade do ser. é muito comum manifestar-se através de sensações, como se todo o corpo formigasse, adormecesse, ou simplesmente parasse. Em alguns casos, ouvimos o silêncio uma forte sensação percorrendo todos os nossos canais energéticos.

São muitas as maneiras de sentir a intuição. Cada pessoa, em cada situação, a vivencia e manifesta de uma forma diferente. Apenas o autoconhecimento permite a identificação e a familiaridade com as formas de intuir. O autoconhecimento é essencial, pois, muitas vezes, confundimos a intuição com impulsos emocionais ou racionalizações. Separar o joio do trigo é um trabalho diário e constante. Exige auto-observação em cada ato ou sensação.

Para que possamos nos auto-observar, precisamos, primeiramente, entender as formas que nos manifestamos. Gradativamente da forma mais densa a mais sutil, nos manifestamos nos campos fi?sico, energético, emocional, mental, intuicional e superior.

Quando nossa atenção é canalizada ao corpo fi?sico, por exemplo, não percebemos o energético, o emocional e assim por diante. O corpo fi?sico é a nossa manifestação mais densa, portanto, eclipsa as mais sutis. Se você se machucar, no momento em que estiver sentindo dor, a maior parte da sua energia e atenção será direcionada para a região. Nesse momento você não terá percepção das suas emoções, pois elas são mais sutis do que o seu fi?sico. Em outra situação, se você estiver fortemente emocionado, não terá percepção da sua razão, pois essa é mais sutil do que as suas emoções. E, por sua vez, se você estiver raciocinando, usando a lógica, não terá percepção da sua intuição, que é ainda mais sutil do que a sua razão. A abertura do canal intuitivo ocorre quando os campos mais densos estão estabilizados.

Exercite
Práticas de yoga e de meditação são extremamente eficientes para estabilizar os campos mais densos, abrir o canal intuitivo e, consequentemente, proporcionar a ampliação da consciência. Através da abertura do canal intuitivo acontecem os insights.

Uma grande aliada na auto-observação é a respiração. Quando respiramos de forma consciente, entramos em contato com nosso inconsciente e com nossas emoções. Se você sentir que saiu do seu centro, pare, aquiete a mente, respire conscientemente e volte. Quando você determinar o ritmo da sua respiração, ampliará a sua percepção e intensificará a vibração do campo magnético ao seu redor.

Através de flashes, sensações ou apenas um saber acima da lógica, manifestamos o Divino em nossas vidas mundanas.

Muitas vezes também nos conectamos facilmente ao inconsciente coletivo e extrai?mos informações além de tempo e espaço. Isso explica o conceito de sincronicidade de Jung, que ocorre quando duas ou mais pessoas estão com os canais intuitivos abertos, ou com as "antenas" elevadas, e captam informações do inconsciente coletivo sincronizadamente, sem nenhuma comunicação consciente. Outra forma de usarmos nossas antenas é levarmos a consciência para o campo magnético ao redor do nosso corpo. e de mentalização são extremamente eficazes para essa prática. Com a consciência no campo magnético, sentimos as vibrações dos locais ou pessoas que se aproximam sem precisarmos ver, falar, ouvir ou tocar.

Quando vemos, falamos, ouvimos ou tocamos, usamos filtros pessoais para interpretar de acordo com experiências vividas anteriormente, e damos significados que possam ser decodificados pelo cérebro. Ao sentirmos as vibrações externas tocando nosso campo magnético, não precisamos de explicações ou interpretações. Simplesmente percebemos a realidade. Essa também é uma forma de intuição.

Desafios
Todos já vivemos situações onde uma história aparentemente lógica não nos convence, mas não sabemos o porquê. O que acontece é que a vibração do campo magnético da pessoa que está contando a história está em desacordo com as palavras. Nossa mente lógica entende que aquelas palavras fazem todo o sentido, mas as ondas magnéticas da pessoa estão enviando uma mensagem diferente. Em qual acreditar? Claro que na percepção que está sendo captada pelas vibrações, pois essas não mentem. Também podemos chamar essa percepção de intuição.

Intuição é simplesmente saber, perceber a realidade sem filtros pessoais. Ela jamais falha, é o saber além da razão. Usar nossas sensações com bússola é um trabalho de autoconhecimento que requer bastante discernimento e vigilância. Afinal, são muitos os entraves que podem surgir e embotar nossa maneira de enxergar com clareza e ponderação. Um exemplo prático: se a atitude de alguém em um encontro cotidiano nos deixa ansiosos, devemos mudar o ritmo da comunicação e a expressão corporal, observar a nossa própria vibração e imprimir uma boa frequência no ambiente a fim de neutralizar a ansiedade. Caso você não consiga melhorar a vibração de alguém ou algum ambiente, ao menos preservará a sua.

Há situações nas quais o máximo que podemos fazer é preservar a nossa boa vibração. Isso já é um grande sucesso. Em outros momentos, se surpreenderá ao perceber que, com pequenas atitudes, consegue influenciar positivamente pessoas e ambientes. Muitas ilusões que podem atrapalhar a nossa abertura intuitiva decorrem de esquemas mentais rígidos, viciados no pensamento racional e em julgamentos. Nesses casos, muitas impressões podem ser decorrência de projeções.

Algumas nuances de personalidades podem nos levar a encarar nossos medos e conflitos internos. Quando estamos rígidos e reativos, projetamos nossas sombras nos outros para podermos encará-las sem nos sentirmos julgados e aproveitamos para julgar o outro com a ilusão de sentir um alívio momentâneo. Não julgue o outro com a ilusão de sentir um alívio momentâneo. Não julgue ao próximo nem a si mesmo. Seja flexível. E, lembre-se: a mente rígida não acessa a intuição. é preciso se permitir relaxar para intuir.

Novos Tempos
Tem-se falado, cada vez mais, em intuição. Estamos entrando em uma era na qual a inteligência intuitiva se faz mais importante do que nunca.

Com o acesso a tantas informações ao mesmo tempo, estimulada pela globalização e desenvolvimento tecnológico, nossa mente não consegue armazenar e organizar todas as novidades que achamos necessário. Esse fluxo de informações e sensações desordenado tem gerado distúrbios de ansiedade, inso?nia, confusões mentais, entre outras patologias ainda mais complicadas.

Ao mesmo tempo que esse frenesi de informações é estimulado, a busca pelo autoconhecimento cresce exponencialmente. Em Nova York, i?cone do mercantilismo mundial, a cidade mais competitiva do mundo, por exemplo, praticamente não há uma esquina que não tenha uma escola de yoga.

As pessoas vêm percebendo o dissabor de uma vida sem sentido, o esgotamento de uma forma de viver, e estão sentido necessidade de voltar-se para si, estão buscando alternativas que proporcionem bem estar, equili?brio emocional e a ampliação dos ni?veis de consciência.

Viva por inteiro Todos nós nascemos intuitivos, mas a vida em sociedade cristaliza conceitos e condicionamentos que nos distanciam desse potencial. Ao desenvolvermos nossas habilidades intuitivas, navegamos em uma frequência acima da massa de informações desordenadas que recebemos a cada segundo e preservamos nosso equilíbrio pessoal. Perceber e confiar em nossas impressões intuitivas nos proporciona o grande diferencial em momentos decisivos.

A intuição é a percepção direta da realidade, além da razão. Ao desenvolvê-la, surge uma nova qualidade de inteligência e um tranquilo estado de alerta nas tomadas de decisões. Desenvolver a inteligência intuitiva nada mais é do que retornar ao nosso centro, ao nosso ser.

"O simples sentimento de si mesmo cria um centro. Um centro de calma, silêncio cio e de comando interior. Quando se começa a ficar consciente, surge uma nova energia interna, uma nova vida com a chama do poder interno." Osho.